CAMINHO DE PEABIRU E SEUS MISTÉRIOS

Nestes vídeos feitos por Roberto Bocchino e Lallo Bocchino, pai e filho, tem-se a real importância desta "rodovia" antepassada para a história, até mundial. Eles atravessaram, praticamente, toda a extensão dela desde Cusco, no Peru, até Palhoça na Grande Florianópolis, mostrando alguns segredos que continham nela e como os viajantes a consideravam. O Projeto Pangea - Expedição Peabiru, teve o apoio da Fundação Cultural do Estado.






Peabiru é o nome pelo qual ficou conhecido, não só um caminho, mas toda uma extensa rede de trilhas que ligava a região dos Andes á costa do Atlântico (de Cuzco, no Peru até São Vicente no litoral paulista e Palhoça no litoral catarinense - passando pelo interior do Paraná).
Há mais de uma tradução para esta palavra assim como muitas hipóteses para sua origem, criadores e o verdadeiro significado desse caminho milenar que ultrapassava 3000 quilômetros, sendo 1200 dentro do território brasileiro.

Descrito desde o século 16 como possuindo cerca de “oito palmos de largura”, algo em torno de 1,40 metros, com uma profundidade de 40 centímetros e forrado por uma grama miúda e macia tão fechada que impedia o crescimento de qualquer outra espécie de vegetal mantendo a passagem sempre livre. O professor Moysés Bertoni, pesquisador da cultura dos índios Guaranis, afirma que a grama foi plantada apenas em alguns trechos, mas as sementes que grudavam nos pés e nas pernas dos viajantes acabaram estendendo o revestimento aos demais trechos.

Mapa com o caminho e algumas trilhas do Caminho de Peabiru.


A misteriosa e hoje quase desconhecida estrada serviu para os conquistadores europeus alcançarem a notável civilização Inca por terra, anos antes de Francisco Pizarro destruí-la quase completamente. Uma das hipóteses sobre a construção do Peabiru supõe justamente que o caminho tenha sido uma tentativa de expansão do Império Inca, ou de alguma civilização pré-incaica, em tempos muito antigos na direção do Oceano Atlântico. Neste caso, a expressão original Pe-Biru significaria algo como Caminho para o Biru, nome pelo qual os Incas denominavam seu território.
O historiador Luiz Galdino, em seu livro “Peabiru – Os Incas no Brasil” fundamenta que os Peabirus testemunham antigas incursões com o propósito de estender o domínio incaico até onde nasce o Sol - as margens do Atlântico.
Video, a lá google earth, que mostra o que seria antes o Caminho de Peabiru desde a Praia da Pinheira até a Enseada do Brito.
Como via de mão dupla, o Peabiru permitiu a chegada dos Guaranis aos Andes. Mesmo sem relações duradouras, as idas e vindas de Guaranis e Incas pelo caminho deixaram vestígios de uma certa influência cultural na astronomia (leitura e uso de manchas da Via Láctea), estatística (semelhança do ainhé, cordão de cipó Guarani com o guipu dos Incas), música (flauta de pã), armamento (semelhança da macaná, borduna Guarani com a maqana incaica), denominação de fauna e flora : sara (espiga, em Guarani; milho em Quêchua); cui (animal roedor, nos dois idiomas); jaguar (felino, dos dois idiomas); mandioca e ioca; iuca, suri (ema, nos dois idiomas).

Mais informações no site Caminhos de Peabiru.

Por Eduardo Rosa

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